O preço do frete tem se mostrado um dos limitadores dos e-commerces no momento do fechamento de uma venda. Ele produz, em determinadas situações, um efeito negativo, pois o consumidor, ao ver que ao valor do produto será agregado ao da entrega, acaba desistindo da compra.
É que, psicologicamente, ele fica com a sensação de que está pagando a mais ou de que está arcando com um custo que deveria ser apenas da loja. Obviamente que não é assim. Um varejista, do e-commerce ou não, para lucrar, necessita incluir todos os custos possíveis na formação do seu preço de venda.
Como o frete é um custo variável de acordo com o destino de entrega, é natural que ele seja destacado separadamente. Infelizmente, para alguns e-commerces, essa prática tem resultado na perda de vendas no momento do fechamento do pedido. Fica em vantagem quem oferece “isenção de frete”.
Para se ter ideia, levantamento global feito pela Moosend em 2020 mostra que o alto valor do frete é responsável por até 60% dos carrinhos abandonados em lojas virtuais. Então, a solução adotada por alguns e-commerces é eliminar o valor do frete, embutindo esse custo no valor do produto.
Mas é preciso saber fazer isso para não tornar o item pouco competitivo nem correr o risco de assumir prejuízo. A pergunta que muitos fazem é: como calcular adequadamente o valor do frete a ser embutido no valor de venda dos meus produtos? Resumindo, o desafio que encontramos é criar uma maneira de cobrar do consumidor o valor para a entrega do produto, mesmo não cobrando o valor de frete separadamente.
Para incluir o frete no preço de venda, é preciso, primeiro, utilizar o histórico de vendas para que sejam levantados os destinos mais comuns para obtenção do valor de frete. Em seguida, deve-se adotar a metodologia certa para o cálculo das médias. A primeira opção de muitos e-commerces é usar a média simples, pela facilidade de calcular.
No entanto, essa metodologia não é a mais adequada, porque ela não considera a frequência. Vamos supor que 20% das entregas de determinado varejo têm como destino a cidade de São Paulo ao custo de R$ 20, e 80% têm como destino o Rio de Janeiro ao custo de R$ 30. Pela média simples, o frete a ser embutido no preço de venda seria de R$ 25. Porém, como há muito mais entregas para o Rio, o peso delas no custo total é bem maior.
Assim, o método correto é o uso da média ponderada. Como o próprio nome diz, ela pondera o valor a ser cobrado pela frequência com que as entregas são realizadas em cada destino. Então, devemos acrescentar duas novas informações: a participação da localidade no total de pedidos fretados e o valor de frete ajustado.
Para calcular a participação, considere o seguinte. Foram 20 entregas para São Paulo e 80 entregas para o Rio de Janeiro. Total de 100 pedidos. Assim, basta dividir 20 por 100 para sabermos a participação de São Paulo no número de entregas. Fazendo essa conta, chegaremos ao número 20, ou seja, 20% das vendas vão para São Paulo. Fazemos a mesma conta e descobrimos que 80% vão para o Rio.
O próximo passo é calcular o valor de frete ajustado. Para tanto, no caso de São Paulo, deve-se multiplicar o valor do frete (R$ 20) pelo peso (20%), cujo valor será R$ 4. Fazemos o mesmo em relação às entregas para o Rio (R$ 30 x 80% = R$ 24). Por fim, somam-se os dois resultados e teremos como valor médio ponderado de frete R$ 28. Esse é o custo a ser embutido no valor de venda do produto.
Vale reforçar a informação de que a diferença é que, usando a média ponderada, levamos em consideração que para o Rio de Janeiro temos mais entregas do que para São Paulo. E o valor das entregas para o Rio é mais caro do que o valor das entregas para São Paulo. Como conclusão, devemos utilizar o maior histórico de vendas possível para chegarmos a um preço adequado do frete a ser embutido e devemos evitar o uso da média simples.
Uma última observação é que essa metodologia também se aplica à utilização do cálculo de diversas outras despesas variáveis, por exemplo, o meio de pagamento, já que o mesmo produto pode ser vendido por meio de boleto, transferência bancária, cartão de crédito à vista e também a compra pode ser parcelada no cartão de crédito.
Calculando da forma correta, será possível eliminar o valor do frete, resultando em ofertas mais atraentes para o cliente. Você observará uma melhora acentuada no índice de fechamento de compras e, consequentemente, no faturamento e na margem de lucro.
*Ricardo Ramos é CEO e Fundador da Precifica, uma das maiores empresas brasileiras especializadas em soluções de pricing
Criada em 2013, a Precifica é uma empresa brasileira líder em soluções de pricing. Por meio de seus serviços traduz o comportamento do mercado em informações precisas, auxiliando varejistas, OTAs e Indústrias a tomar as melhores decisões de acordo com a concorrência, consumidor e demanda, definindo assertivamente sua estratégia de pricing. A companhia também atende gestoras de fundos, possuindo soluções completas para o monitoramento de dados primários do setor de e-commerce, e consolidação em forma de índices e séries temporais modelados especificamente para este setor.
A empresa monitora mais de 1 bilhão de data points mês, em mais de 1200 sites e possui mais de 1500 usuários em 6 países da América Latina. Para mais informações, acesse: www.precifica.com.br
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